sexta-feira, 3 de junho de 2011

Eventos no Brasil marcam contagem regressiva para a Rio+20

As cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo abrigam nesta sexta-feira, 3 de junho, dois eventos que marcam a contagem regressiva para a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, batizada de Rio+20 - a cúpula será realizada na capital carioca de 4 a 6 de junho de 2012.


Cristo Redentor passa a respirar com mais frequência os ares da Rio+20/
Foto: ThataEspósito

No Rio, a Prefeitura organiza o evento Rumo a Rio+20, com a presença do prefeito Eduardo Paes, do secretário-geral da Conferência e subsecretário-geral da ONU para Assuntos Sociais e Econômicos, Sha Zukang, do ministro das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota e da chefe da pasta do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

A bandeira da Rio+20 será hasteada pela primeira vez, e o Cristo Redentor, será iluminado com as cores da conferência, como detalhou à Rádio ONU o diretor do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil, Giancarlo Summa. “Aqui no Brasil, isso tem um valor ainda simbólico e político, talvez maior, porque 20 anos atrás foi a Rio 92 que deslanchou esse processo, e tornou a questão do desenvolvimento sustentável parte da agenda política internacional”, lembrou.

Já em São Paulo será realizada uma conferência sobre o Ano Internacional das Florestas e um festival de filmes sobre meio ambiente. Participam do evento, a chefe do Secretariado do Fórum sobre Florestas, Jan McAlpine, e a representante do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) no Brasil, Cristina Montenegro. A conferência, em São Paulo, discutirá os planos do empresariado e da sociedade civil brasileira para a Rio+20.

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Fonte: Ecodesenvolvimento

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quinta-feira, 2 de junho de 2011

C40 São Paulo Summit: grandes cidades discutem mudanças climáticas em São Paulo

Evento reúne em São Paulo 16 prefeitos e 47 representantes de metrópoles do mundo inteiro para encontrar soluções criativas contra as mudanças climáticas

O que é
Começou, dia 31 de maio, em São Paulo, o C40 São Paulo Summit, a quarta reunião mundial de prefeitos das 40 maiores cidades do mundo para discutir sustentabilidade. A Rede C40 de Grandes Cidades (C-40 Large Cities Climate Leadership Group) é uma organização que reúne, a cada dois anos, as maiores cidades do mundo para a discussão do papel dos governos locais no combate às mudanças climáticas. Atualmente são 40 cidades participantes e 19 afiliadas, distribuídas nos seis continentes e conta, desde 2006, com o apoio da Fundação Bill Clinton, dirigida pelo ex-presidente norte-americano. A parceria garante, entre outras coisas, o desenvolvimento e a efetivação de projetos para o consumo de energia sustentável nas metrópoles.

Por que São Paulo
Segundo a Secretaria de Relações Internacionais de São Paulo, que está organizando o evento, o município foi eleito para ser sede desta edição do evento por conta das ações que está realizando com foco no combate às mudanças climáticas. Dentre essas ações, estão
 a Política Municipal de Mudanças Climáticas, a implantação da inspeção veicular e a criação do programa de substituição de combustíveis fósseis por renováveis na frota de ônibus municipais.

As reuniões anteriores foram realizadas em Londres, Nova York e Seul, respectivamente.

Para a conferência de São Paulo, também estão presentes, entre outras, as seguintes metrópoles: Filadélfia, Nova Orleans, Portland, São Francisco Seattle, Rio de Janeiro, Curitiba, Amsterdã, Atenas, Barcelona, Basiléia, Berlim, Copenhague, Heidelberg, Londres, Madri, Moscou, Roterdã , Varsóvia, Seul. Hong Kong, Jacarta, Buenos Aires e Bogotá.

O evento
Quem abriu os debates ontem foi Michael Bloomberg, prefeito de Nova York e titular do comitê principal do C40 que é integrado pelos prefeitos de São Paulo, Nova Delhi, Berlim, Johanesburgo, Londres, Los Angeles, Toronto e Tóquio, bem como Nova York.

A programação do encontro prevê ainda mais 4 plenárias e 16 sessões sobre temas como construção sustentável, transporte público com baixa emissão de gases causadores do efeito estufa, taxação de impostos verdes, pedágios urbanos, drenagem urbana e adaptação.

Bloomberg e o prefeito Gilberto Kassab plantaram árvores no parque do Ibirapuera, ontem pela manhã, antes de se dirigirem ao Sheraton Hotel, na zona sul, onde se realiza o evento. Esse plantio de árvores ocorreu na mesma semana em que se divulgou que, nos quatro primeiros meses de 2011, São Paulo perdeu doze mil árvores, que deram lugar a prédios, conjuntos habitacionais e obras de infraestrutura. Mas essas edificações poderiam ser construídas preservando-se e até ampliando o verde, se houvesse vontade política das construtoras e do próprio poder público. Os números, aliás, fazem parte de um relatório elaborado pela Comissão do Verde e do Meio Ambiente da Câmara Municipal.

Experiências sustentáveis no C40
Serão apresentados mais de cem projetos já adotados pelas cidades presentes ao C40 Sâo Paulo Summit, durante as sessões temáticas. Entre eles, vale destacar:

A cicloruta, de Bogotá, na Colômbia, uma rede de mais de 300 km de ciclovias, um dos sistemas para uso de bicicleta como transporte mais abrangentes do mundo. A rede conecta o centro de Bogotá com as áreas residenciais mais populosas; eixos secundários circundam as principais avenidas e vias de maior trânsito, ligando as áreas residenciais aos parques e atrações turísticas da cidade; uma terceira malha complementar acompanha as margens dos rios e vai até o centro da cidade. Assim, Bogotá pode ser percorrida de bicicleta em todas as direções.

A cicloruta ajudou a diminuir as emissões de carbono dos carros em 36 mil toneladas / ano. Trouxe também outros benefícios para a cidade, como a redução das mortes por acidente de trânsito, e o aumento gradativo do número de ciclistas em asa pessoas de maior poder aquisitivo. Isto porque a bicicleta, na cicloruta, anda a 17 km/h. Um carro, nas congestionadas ruas de Bogotá, não passa de 13 km/h.

O sistema de fornecimento de energia térmica em Copenhague, que captura o calor residual das usinas de incineração de lixo e das usinas combinadas de produção de energia e calor (CHP), normalmente liberado no mar, e canaliza-o de volta para as tubulações residenciais. Com isso, 97% do aquecimento doméstico é feito dessa maneira.

O Fundo Atmosférico de Toronto (TAF), no Canadá, que financia iniciativas na cidade que visem combater as mudanças climáticas, melhorarando a qualidade do ar e reduzindo as emissões de carbono. O Fundo existe para financiar projetos difíceis de receberem investimento em três áreas: energias renováveis, eficiência e conservação de energia e redução do teor de combustíveis fósseis nas fontes de energia. A dotação original do fundo, de pouco mais de 23 milhões de dólares, veio de uma taxa cobrada no financiamento para modernização da iluminação das ruas de Toronto. O TAF também aceita parceiros do sistema financeiro.

Conclusão
Enfim, ainda são os primeiros dias de debates e muitos projetos ainda serão apresentados. Mesmo assim, é possível dizer que este é um dos eventos mais importantes sobre sustentabilidade que já ocorreram. Não obteve o destaque merecido, nem por isso, deixa de ser fundamental para o avanço de soluções que nos ajudem a combater as mudanças climáticas.

Bill Clinton, que também esteve na abertura, destacou um ponto essencial em seu discurso: o papel das cidades para o desenvolvimento sustentável. O ex-presidente norte-americano lembrou que os governos federais falam, mas os governos municipais fazem e não precisam esperar pelos acordos internacionais para agir. O que os governantes federais não conseguem superar no âmbito das negociações nos organismos multilaterais, os prefeitos o fazem no âmbito da colaboração internacional. Por isso, adotam soluções inovadoras e fazem avançar o desenvolvimento sustentável antes mesmo dos tratados globais.

Por isso, este C40 precisa ser acompanhado com atenção e carinho; o futuro pode estar nas soluções e propostas ali apresentadas. Tanto isso é verdade que o Banco Mundial celebrou um convênio com o C40 de financiamento de projetos sustentáveis para cidades. São oportunidades de negócios e de empregos que se abrem. Precisamos saber aproveitar.

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segunda-feira, 30 de maio de 2011

A responsabilidade social das empresas de alimentos com a propaganda de seus produtos

De acordo com reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo nesta segunda-feira (30/5), uma pesquisa encomendada pela ONG Instituto Alana mostra que quase 80% dos pais considera a propaganda de alimentos prejudicial a seus filhos. O levantamento foi realizado pelo Instituto Datafolha, que entrevistou 596 pessoas em todo o país.

Os resultados mostram também que, na opinião dos pais entrevistados, a propaganda de alimentos, principalmente de fast food e doces, dificulta os esforços para ensinar aos filhos uma alimentação saudável (76%). E que as crianças são levadas a amolar os pais para que comprem os produtos anunciados (78%).

Para a pesquisa, alimentos não saudáveis são aqueles ricos em sódio, gordura ou açúcar. O Instituto Alana concluiu, pelos resultados verificados, que os pais estão pedindo ajuda para enfrentar o que a ONG chamou de “bombardeio” de propaganda de alimentos pobres em nutrientes.

Eis uma discussão que a sociedade brasileira ainda precisa fazer com seriedade: qual o papel da propaganda nos nossos hábitos e valores?

O Brasil vive uma epidemia de obesidade, inclusive infantil. De acordo com o IBGE, quase metade da população brasileira com mais de 20 anos está com excesso de peso. Entre as crianças, a situação não é melhor. Uma em cada três das que têm entre 5 e 9 anos de idade apresenta sobrepeso e 15% delas já são obesas.

O problema atinge qualquer faixa de renda, gênero e raça. E a principal causa apontada é a alimentação rica em calorias e pobre em nutrientes, cujo cardápio contém a maioria dos produtos anunciados em todos os meios de comunicação do país: bolachas, biscoitos, balas, refrigerantes, fast food etc.

Desde 2006, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) discute a regulamentação da publicidade de alimentos não saudáveis. No ano passado, a agência publicou uma resolução determinando alertas sobre possíveis riscos à saúde nesse tipo de propaganda. Uma liminar na Justiça em favor da Associação Brasileira de Alimentos (Abia) suspendeu a regra. A Abia considera que regulamentar publicidade de alimentos é coisa do passado. A indústria está trabalhando em alimentos mais saudáveis. E aponta 2020 como o ano em que será possível atingir-se um grau adequado de “saudabilidade” dos alimentos.

Mesmo assim, em agosto de 2009, as 24 maiores empresas de alimentos do país firmaram um compromisso público de limitar a publicidade dirigida às crianças. Segundo o Instituto Alana, até o fim do ano passado, 12 das 24 empresas envolvidas no acordo haviam detalhado o compromisso e, destas, apenas oito especificaram os critérios nutricionais que serviriam de base para determinar um alimento saudável.

Então, como ficam as crianças? E os cidadãos em geral?

É questão central da responsabilidade social das empresas refletir sobre o que está divulgando para a sociedade por meio da sua propaganda. A propaganda cria desejos que, às vezes, leva uma pessoa – principalmente uma criança – a consumir o que não precisa e, no limite, até em detrimento do que precisa.

No caso da propaganda de alimentos, enquanto estes não apresentarem o grau de “saudabilidade” necessário para uma alimentação equilibrada, eles de fato estarão promovendo uma vida não saudável, com sérias conseqüências para os consumidores e a para a sociedade. A obesidade é o exemplo mais visível e alarmante desse processo.

A propaganda também cria valores na sociedade. Se a empresa divulga sem critério ou aviso determinado produto que sabidamente faz mal à saúde, que tipo de valor vai disseminar? Se, ao contrário, fosse instrumento para promover a equidade de gênero, por exemplo?

As empresas de alimentos já poderiam ter dado um passo enorme na gestão responsável se tivessem cumprido o compromisso que elas mesmas assumiram de limitar a publicidade de alimentos não saudáveis para crianças. Ao não cumprirem, prestaram um desserviço à sociedade e ao movimento de responsabilidade social, porque desvalorizaram um dos instrumentos mais importantes que o mercado tem – a autorregulação – e desqualificaram a participação da sociedade no processo.

A propaganda é fundamental para a nova sociedade que precisamos construir, desde que também se baseie nos critérios de sustentabilidade que vão direcionar os negócios: justiça social, equilíbrio ambiental e crescimento econômico.

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