sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Oded Grajew comenta: “Empresas lançam movimento pela conservação e uso sustentável da biodiversidade”

Alcoa, CPFL, Natura, Philips, Vale e Walmart lançaram ontem, na Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo, o Movimento Empresarial pela Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade, com a presença da Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

Este grupo de empresas, liderado pelo Instituto Ethos, e com apoio da Aberje, do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO), União para o o Biocomércio Ético
(da sigla em inglês UEBT), da Conservação Internacional (CI), do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV (GVCes) , do Imazon e do Ipê visa abrir espaço para a construção conjunta de uma agenda positiva sobre a conservação e o uso sustentável da biodiversidade brasileira.

O tema é fundamental para os negócios, para a economia e para a sociedade, mas ele ainda não entrou na agenda dos executivos e dos governos. Está ganhando alguma repercussão porque, em outubro próximo, na cidade de Nagoia, no Japão, a Onu vai realizar a 10º. Conferência das Partes sobre Biodiversidade, em que assuntos como patrimônio genético, preservação das espécies e ocupação de áreas com florestas serão discutidos.

Da biodiversidade depende a qualidade dos serviços ambientais que sustentam a vida humana neste planeta. Conservá-la e estabelecer regras para seu uso sustentável são tarefas imprescindíveis para a própria continuidade dos negócios. O que acontece se a água escassear-se ainda mais? E o acesso aos recursos naturais?

O mundo tornou-se mais consciente a respeito do tema quando, a partir do fim do ano passado, o economista Pavan Sukhdev começou a publicar os resultados de um grande estudo que mediu o valor econômico da biodiversidade e dos ecossistemas. O estudo, chamado A economia dos ecossistemas e da biodiversidade revelou alguns dados alarmantes:

• Atualmente, mais de 60% de todos os ecossistemas do planeta estão ameaçados;
• Desse total, 35% são mangues e 40% florestas;
• A demanda por recursos naturais excede em 35% a capacidade do planeta Terra;
• Caso o ritmo atual dessa demanda for mantido, em 2030 serão necessárias duas Terras para atendê-la;
• Em 2000 e 2005, a devastação das florestas na América do Sul foi de 4,3 milhões de hectares;
• Do total de hectares devastados, 3,5 milhões foram registrados no Brasil;
• O prejuízo anual com o desmatamento é de US$ 2,5 a 4,5 trilhões de dólares à economia global - o equivalente a jogar no lixo todo o PIB do Japão, o segundo maior do mundo.

25% da diversidade biológica do mundo estão aqui. Por isso, somos o primeiro país do mundo em biodiversidade. Por isso também, a ONU definiu, em janeiro deste ano, o Brasil como o país-chave para a COP 10, a Conferência das Partes sobre Biodiversidade que vai se realizar em Nagoia, no Japão.

É imperativo, portanto, que o governo brasileiro faça a “lição de casa” e, do mesmo modo que fez com a COP 16, leve uma posição negociada com a sociedade a respeito do uso sustentável da biodiversidade. Como as empresas tiveram influência decisiva, no ano passado, na adoção, por parte do governo federal, de metas de redução de carbono, que se transformaram na Lei de Mudanças do Clima, queremos repetir o feito com a biodiversidade. Queremos contribuir para que o governo brasileiro novamente tome a dianteira no tema, com uma posição clara e avançada.

Durante o evento de ontem, a que compareceu a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, foi lançado rascunho de uma Carta Empresarial pela Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade, trazendo alguns esboços de propostas, tais como:

- Compromissos voluntários que as empresas assumem, de incorporar nas estratégias de negócio os princípios da Convenção da Diversidade Biológica (CDB); assegurar que as cadeias produtivas façam o mesmo; contribuir para a preservação das comunidades indígenas e tradicionais.

Por outro lado, pretendem propor ao governo brasileiro:
- estabelecer metas claras e objetivas sobre biodiversidade para serem atingidas até 2020

- articular com outros países cooperação global para a valoração dos serviços dos ecossistemas, com o propósito de promover mecanismos econômicos para a conservação e restauração da biodiversidade;

O Movimento promoverá painéis de discussão entre líderes empresariais, formadores de opinião e membros da sociedade civil para a redação definitiva da Cart. Ela será entregue em setembro ao governo brasileiro e a todos os candidatos à presidência nas eleições deste ano.

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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Carta Capital promove seminário sobre energias alternativas

A revista Carta Capital, com apoio da Agência Envolverde, realizará em São Paulo, no dia 6 de agosto de 2010, o debate “O Brasil e a Energia do Amanhã”, que integra a série “Diálogos Capitais”.

Durante o evento serão discutidas as formas de energia que o Brasil tem à disposição e o volume de energia necessário para que o país mantenha um processo de desenvolvimento inclusivo e sustentável.

O debate reunirá empresários, executivos de grandes empresas do setor, acadêmicos e especialistas para uma reflexão sobre os desafios energéticos do Brasil agora e nos próximos anos.

SERVIÇO
O quê: Seminário “O Brasil e a Energia do Amanhã”;
Quando: 6 de agosto de 2010;
Horário: Das 8h30 às 13h00;
Local: Centro de Convenções da Faap;
Endereço: Rua Itatiara, 150, Higienópolis – São Paulo (SP);
Informações e inscrições: Para obter mais informações e confirmar sua presença, acesse o site www.confirmersvp.com.br/energiadoamanha ou ligue para (11) 3522-9445, até o dia 4 de agosto de 2010.

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quarta-feira, 4 de agosto de 2010

“A mandioca e o desenvolvimento sustentável”

or séculos, a mandioca foi associada à agricultura de subsistência nas regiões mais pobres do país. Esse cenário começa a mudar, com a decisiva participação de empresas, fundações e bancos públicos.

O motivo para esse interesse é negócio: a fécula da mandioca (amido ou polvilho) tem sido apontada como uma das alternativas para a substituição de insumos industriais escassos ou cuja obtenção vem sendo posta sob escrutínio, pelo impacto socioambiental que produzem. Há uma centena de aplicações para a fécula: em remédios, na indústria de papel, na indústria de alimentos e até na indústria petrolífera, para lubrificação de brocas.

A Bahia, por ser o segundo maior produtor nacional de mandioca (o primeiro é São Paulo), tem sido palco dessas iniciativas inovadoras. Em 2009, a Cooperativa Mista Agropecuária de Pequenos Agricultores do Sudoeste da Bahia (Coopasub) lançou, em Vitória da Conquista, a primeira fábrica de fécula de mandioca autogerida do país. O empreendimento conta com o apoio da Fundação Banco do Brasil, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e da prefeitura da cidade.

Quando estiver em operação plena, a indústria terá capacidade para processar 100 toneladas de mandioca por dia. E vai beneficiar 2.200 agricultores familiares associados à Coopasub, os quais se espalham por 16 municípios da região de Vitória da Conquista. A produção não precisará mais ser vendida a atravessadores e o agricultor ainda ficará com a renda gerada pela comercialização da fécula, considerada o derivado mais nobre da mandioca. A fábrica vai garantir também a inclusão do produto, de maneira constante, num vasto mercado que vai de pequenas fábricas de doces e biscoitos até grandes indústrias dos ramos têxtil, farmacêutico e petrolífero.

A instalação dessa fábrica representa uma das etapas mais importantes do programa da Fundação Banco do Brasil denominado “Desenvolvimento Sustentável e Solidário da Agricultura Familiar na Cadeia Produtiva da Mandioca no Sudoeste da Bahia”. O projeto já recebeu investimentos sociais de R$ 11 milhões.

Também buscando o desenvolvimento sustentável, o Grupo Odebrecht investiu numa fábrica de amido de mandioca – a Bahiamido –, que está sendo instalada na cidade de Laje, na região do Baixo Sul, também na Bahia. A fábrica será inaugurada em outubro e absorverá a produção de pequenos agricultores organizados na Aliança Cooperativa do Amido. O BNDES e o Banco do Brasil participam do empreendimento, que deve consumir recursos da ordem de R$ 30 milhões.

Nos primeiros dois anos, a Bahiamido processará 200 toneladas por dia de mandioca, mas a previsão é de dobrar a produção e, com isso, elevar a renda mensal do produtor dos atuais R$ 300 para mais de R$ 1.000.

Os dois projetos mencionados ainda fornecem assistência técnica aos produtores, que são orientados a adotar práticas agrícolas ambientalmente corretas, como manutenção de reservas e reflorestamento com espécimes da Mata Atlântica. Se render mais ao agricultor, a mandioca pode ser uma alternativa à pecuária, maior causa do desmatamento da região.

O mercado de amido no Brasil é calculado em R$ 3,5 bilhões. Para atender à demanda industrial atual, o país tem importado o amido derivado do milho. No que tange ao amido de mandioca, Tailândia e Indonésia possuem as maiores produções mundiais. Estes dois países já desenvolveram, inclusive, amidos modificados específicos para cada aplicação industrial. Uma ironia, já que a mandioca foi levada daqui para lá, ainda no século 16, pelos navegadores portugueses. Enquanto no Brasil a lavoura nunca saiu do estágio de subsistência, na Ásia e na Àfrica tornou-se lavoura estratégica, associada ao agronegócio. O desafio, para nosso país, é desenvolver as potencialidades industriais dessa raiz, sem prejudicar sua função de produto estrutural da agricultura familiar brasileira.


Divulgado na Rádio CBN no dia 04 de agosto de 2010.

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terça-feira, 3 de agosto de 2010

Lançamento do Movimento Empresarial pela Proteção e Uso Sustentável da Biodiversidade

O Instituto Ethos convida para o Lançamento do Movimento Empresarial pela Proteção e Uso Sustentável da Biodiversidade, a ser realizado no dia 5 de agosto de 2010, na Fundação Getúlio Vargas (FGV), com a presença da Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira.

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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

“É possível tornar mais sustentáveis produtos de grandes marcas”

É possível oferecer produtos de consumo de massa fabricados com critérios de sustentabilidade a preços acessíveis ao consumidor?

Os executivos da Walmart Brasil fizeram-se esta pergunta e decidiram que sim, era possível. Convidaram dez grandes marcas para participar deste desafio e lançaram em conjunto o projeto Sustentabilidade de ponta a ponta, em janeiro de 2010.

Com apoio do Centro de Tecnologia de Embalagens (Cetea), do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, a Walmart analisou em detalhes a produção de alguns itens - da matéria-prima ao descarte – e orientou as fabricantes a proceder a transformações simples que mostraram grande resultado na preservação de recursos naturais, na redução de custos de produção, no melhor preço final ao consumidor e na ampliação da margem de lucro, inclusive em relação ao produtos fabricados da maneira, digamos, tradicional.

As marcas e empresas que participaram do projeto são as seguintes:
- o achocolatado Toddy Orgânico, da Pepsico;
- a linha de águas Pureza Vital, da Nestlé;
- o amaciante Comfort Concentrado, da Unilever;
- o Band-Aid, da Johnson&Johnson;
- o desinfetante Pinho Sol, da Colgate-Palmolive;
- a esponja de banho Ponjita Naturals Curauá, da 3M;
- a fralda Pampers, da Procter&Gamble;
- o Matte Leão Orgânico, da Coca-Cola Brasil;
- a linha de óleos vegetais Liza, da Cargill
- e o sabão TopMax, do Walmart, fabricado pela empresa gaúcha Bertolini.

O papel do Walmart foi garantir suporte técnico – representado pelo CETEA – para todo o processo de desenvolvimento do produto, avaliando a aplicabilidade do aspecto sustentável do início ao fim da cadeia produtiva. Além disso, a empresa ofereceu a garantia de compra, bem como visibilidade e exposição diferenciadas destes itens no ponto de venda.

Comprovam o sucesso da iniciativa o fato de muitas destas marcas já estarem sendo comercializadas por outras redes de supermercados e mesmo em mercearias de bairro. Em alguns casos, como o do amaciante concentrado, algumas marcas já copiaram o conceito e a própria Unilever ampliou a experiência, lançando o Omo – a marca mais lembrada do país – no formato concentrado. As vantagens dos concentrados: menor consumo de água, energia e insumos na sua fabricação; menor teor de fosfato; embalagens menores; maior capacidade de armazenamento e transporte por m2; melhor preço ao consumidor (uma embalagem de concentrado rende o mesmo que uma embalagem de 2 litros e tem o preço praticamente idêntico).

Agora, a Walmart vai aumentar o leque de produtos. Já firmou parceria com mais quinze grandes fabricantes de produtos de massa e, no início, de 2011, vai lançar outros produtos com critérios de sustentabilidade. As empresas são: Ambev, Bunge, Cadbury Adams, Loreal, Kimberley Clark, Danone, Phillips, Mars Brasil, Santher, Sara Lee, Whirlpool, Reckit Beckinser, Ceras Johnson, Sadia e a marca própria Walmart.

O projeto Sustentabilidade de Ponta a Ponta faz parte de uma transformação maior pela qual vem passando a Walmart. Um processo que se iniciou em 2005, quando a matriz definiu a estratégia mundial da empresa baseada em três pilares de sustentabilidade: Clima e Energia, com foco na redução das emissões de carbono e na eficiência energética; Resíduos, com foco na gestão dos seus próprios resíduos e na diminuição do uso de embalagens nos produtos comercializados; e em Produtos, com ênfase na mudança das cadeias de fornecedores.

No Brasil, a Walmart foi uma das redes varejistas pioneiras no monitoramento de desmatamento e trabalho escravo na cadeia da carne. Em 2008 estabeleceu metas corporativas compatíveis com o desenvolvimento sustentável e, em 2009, firmou o Pacto pela Sustentabilidade Walmart Brasil, com CEOs de 20 grandes indústrias. Eles subiram ao palco para assinar um compromisso e firmar acordos em prol de práticas mais sustentáveis em toda a cadeia de suprimento. Entre os pactos, na área de cadeia produtiva e redução de embalagem, as empresas se comprometeram em:

1. Compras responsáveis
o Reduzir em 70% o fosfato nos detergentes para lavanderia e cozinha até 2013;
o Oferecer produtos de lavanderia, no mínimo, 2 x mais concentrados até 2012;
o Oferecer pelo menos 1 produto orgânico por categoria de alimentos até 2012;
o Estimular as vendas de produtos com diferencial em sustentabilidade;
o Apoiar e estimular o desenvolvimento de produtos de ciclo fechado;
o Produtos de Marca Própria do Walmart Brasil devem liderar pelo exemplo em sustentabilidade.

2. Redução de Resíduos
o Reduzir as embalagens em 5% até 2013;
o Reduzir o consumo de sacolas plásticas em 50% até 2013.

AMAZÔNIA
o Pacto da Madeira – Promover o financiamento, produção, uso, comercialização e consumo de madeiras e produtos florestais apenas com certificação de origem sustentável.
o Pacto da Soja – Estabelecer restrições ao financiamento, produção, uso, distribuição e consumo de grãos de soja (in natura ou processado) que tenham origem em áreas de desmatamento ilegal na Amazônia.
o Pacto pela Erradicação do Trabalho Escravo – Estabelecer restrições comerciais às empresas e/ou pessoas identificadas em sua cadeia produtiva que se utilizem de condições degradantes de trabalho associadas a práticas que caracterizem escravidão.
o Pacto da Pecuária – Não participar do financiamento, uso, distribuição, comercialização e consumo de produtos pecuários que tenham qualquer ilegalidade em sua cadeia, principalmente desmatamento e trabalho análogo ao escravo. Exigir dos fornecedores de carne bovina plano de auditoria independente e de reconhecimento internacional que assegure que os produtos comercializados pelo Walmart não são procedentes de áreas de devastação da Amazônia.

Quando penso nas mudanças pelas quais esta rede varejista passou nos últimos anos, aumenta minha confiança no papel protagonista das empresas para a construção de um modelo de desenvolvimento sustentável. E, mais ainda, no papel das empresas brasileiras neste avanço, pois a Walmart Brasil tem e teve muita influência nos caminhos adotados pela direção mundial no rumo da sustentabilidade.

Divulgado na Rádio CBN no dia 02 de agosto de 2010.

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