quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Dia de polêmicas na COP-15 em Copenhague

O acordo em Copenhague fica pronto hoje, mas ainda há muito para acertar

A imprensa esta espalhando informação errada e, com isso, causando polêmicas na COP 15. Não existe crise de estado na Dinamarca, nem em outro país, por causa das manifestações de rua contra a posição intransigente dos países industrializados.

Connie Hedegarrd, assim como Dilma Rousseff e todos os presidentes de delegações tinham um mandato ad hoc, até hoje, para comandar as negociações sobre clima de seus respectivos países. Nem Connie, nem Dilma, nem nenhum outro chefe renunciou. Apenas entregou o cargo para os presidentes, primeiros-ministros e chefes de Estado que estão chegando para a conclusão da COP 15. Chavez já está falando na TV daqui, Lula negocia em algum lugar do Bella Center e Obama será o último a assumir seu posto. Chega só na sexta, para a reunião final. Mas o documento do acordo ficará pronto hoje, com protestos ou sem.

Hoje, o Bella Center está com um terço do movimento dos outros dias, porque a ONU impediu que a maioria dos militantes de ONGs entrasse no pavilhão. Desde ontem havia este aviso. Na verdade, não chegou a ser um “vocês não vão entrar”. A burocracia passou a exigir um segundo crachá para quem fosse de ONG, o que, até ser registrado e retirado, praticamente negaria o acesso destas pessoas. Por isso, hoje, houve uma outra grande manifestação, saindo do Parlamento e vindo até o Bella Center, reunindo mais de cem mil pessoas. Nós, os privilegiados que temos crachá cor-de-rosa (de Party, como o Ricardo Young) ou laranja (de Press, como eu), pudemos entrar, mas andamos mais. O metrô Bella Center está fechado. Tivemos de descer numa estação adiante e andar até aqui. Detalhe que hoje está nevando e fazendo um frio muito grande (pelo menos pra mim). Achei que fosse encontrar o mundo de gente dos outros dias, mas está bem calmo. Uma pena, as ONGs davam um colorido especial à COP 15. Mas compreensível. Com tantos chefes de Estado presentes, nenhum governo quer correr riscos.

As negociações continuam difíceis. A China afirma que vai adotar metas de redução de carbono, mas não aceita monitoramento internacional destas metas como estipulado no acordo. Ela deixará voluntariamente que os países verifiquem suas ações, mas não quer que isto seja posto num tratado internacional de governança. OS EUA, por sua vez, não negociam nada. As plenárias de hoje não dão acesso total aos jornalistas, por isso as informações ainda estão um pouco desencontradas. Mas, ao que tudo indica, o REDD sai e isto é que interessa ao Brasil.

Por Cristina Spera, de Copenhague para o Instituto Ethos

Representam o Instituto Ethos na COP-15 o presidente Ricardo Young e Cristina Spera, assessora de imprensa, acompanhados pela jornalista Célia Rosemblum, do jornal Valor Econômico. Eles viajam a convite da Natura e do Walmart.

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segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

A Conferência parou!

Depois dos protestos de hoje pela manhã, dentro do Bella Center, onde os próprios participantes da COP 15 pediram mais atenção ao problema das ilhas-países e a África, a plenária principal, que discute o acordo do clima, foi suspensa. As delegações africanas recusaram-se a continuar discutindo um semi-compromisso que não lhes garante o direito de sobreviver.

Em resumo, o que elas querem é a continuidade do Protocolo de Kyoto, que colocam sobre os países industrializados a maior responsabilidade sobre o corte de emissões de carbono. Nesta conferência, EUA, China e Europa falam em responsabilidade compartilhada e até o momento não parecem dispostos a assumir nenhum compromisso sério com a redução dos gases de efeito estufa e, principalmente, a constituição de um fundo de longo prazo que deverá financiar as adaptações as mudanças climáticas em nível mundial.

Yvo de Boer, presidente da COP 15, está articulando pessoalmente com todas as partes para que as negociações sejam retomadas. Numa coletiva de imprensa ocorrida na hora do almoço, ele afirmou que nenhuma delegação está ameaçando boicotar a conferência e que os trabalhos serão retomados ainda hoje e em alto nível de discussão.

A verdade é que a pressão das ruas está se fazendo sentir aqui dentro. Países que teriam uma atitude mais tímida frente às nações industrializadas sentem-se fortalecidos em suas posições por conta do clamor das passeatas. Pode até acontecer de este acordo ser melhor do que se esperava e não por interferência da diplomacia ou dos lobbies. O acordo pode ser bom por causa das vozes das ruas.

Por Cristina Spera, de Copenhague para o Instituto Ethos

Representam o Instituto Ethos na COP-15 o presidente Ricardo Young e Cristina Spera, assessora de imprensa, acompanhados pela jornalista Célia Rosemblum, do jornal Valor Econômico. Eles viajam a convite da Natura e do Walmart.

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